A resposta de São José
Catarina, uma jovem e piedosa
costureira, sempre tivera muita devoção a São José. Desde bem pequena,
sua avó lhe ensinara que o grande Patriarca da Igreja velava, com
carinho, pelas necessidades espirituais e materiais dos que a ele
recorressem, pois fora o guardião e ecônomo da Sagrada Família. Na
igreja de sua pequena cidade, havia uma bela imagem do santo, a quem ela
visitava todos os dias, depois de assistir à Missa, com muito
recolhimento e fervor.
Sua família era simples e muito
religiosa. A mãe ficara viúva cedo e, por isso, viviam as duas com a
avó, e se mantinham à custa das costuras de ambas. Ainda menina,
habilidosa e inteligente, aprendera com elas a costurar e a bordar, e o
fazia com perfeição. Trabalhava em um ateliê de alta costura e era a
melhor profissional do lugar. Dona Marieta, proprietária do
estabelecimento, a estimava muito e reconhecia seu talento.
Além de atender aos clientes com muita
educação e cordialidade, não deixava de manter uma prosinha com eles,
contando histórias dos santos e animando-os na Fé. Por isso, muitos a
faziam de confidente, pois ela ouvia seus problemas e dificuldades com
interesse e dava-lhes bons conselhos, não sem deixar de recomendar muito
amor a São José.
Catarina sempre recomendava a todos muito amor e devoção a São José |
Porém, precisou diminuir um pouco o
trabalho, por uma súbita doença da avó. Dedicando-se a ela
completamente, não teve outro remédio senão abandonar o emprego, ficando
como sua enfermeira particular. A pobre senhora teve uma enfermidade um
tanto longa e dolorosa, resultando no fim de todas as economias da
família. As costuras da mãe já não bastavam para tudo... Acabaram
ficando com várias dívidas para pagar.
Afinal, tendo-se recuperado a boa anciã,
Catarina tentou voltar ao trabalho. No entanto, no ateliê já haviam
ocupado seu lugar e precisava ficar em uma longa fila de espera. A
senhora Marieta, por mais que a considerasse, era uma mulher de negócios
e não estava disposta a contratar mais alguém, sem necessidade, e
tampouco iria despedir a nova funcionária sem justa causa. Como a cidade
era pequena, eram poucas as opções para a jovem.
Pensou, então, em fazer costuras
particulares, mas ia ser mais difícil, porque os clientes continuavam a
buscar o ateliê. Sua única saída era voltar para lá, pois precisava
pagar as dívidas e sustentar a casa. Contudo, como seria aceita de
volta? Não queria prejudicar a nova costureira, pois deveria também
necessitar daquele trabalho...
Vendo-se em tamanha dificuldade,
Catarina foi à igreja e pôs-se de joelhos diante de São José,
pedindo-lhe que não lhe faltasse nessa emergência. De repente, teve uma
inspiração e voltou correndo para casa...
A moça tinha uma pombinha de estimação,
muito alva e mansa, com quem brincava e se distraía. Era tão afetuosa
com o bichinho, que a pomba costumava fazer seus passeios aéreos todos
os dias e voltava tranquilamente, à tarde, sem jamais se perder.
Chegando em casa, afogueada pela corrida, pegou um papelzinho onde
escreveu um bilhete. Pegou a pomba e amarrou-o com cuidado na patinha.
Soltando-a, no ar, disse:
- Voe, minha pombinha, e leve esta mensagem a São José.
E ficou tranquila, na certeza daquela
mensagem urgente cruzar os céus e chegar até o Santo Patriarca. Mais
tarde, quase ao entardecer, a pombinha regressou para casa, sem o
bilhete em sua patinha... A resposta de São José não se fez esperar por
muito tempo!
No dia seguinte, bem cedinho, dona
Marieta tocava à porta da casa da jovem, perguntando por ela. Depois de
cumprimentá-la, foi logo dizendo:
- Catarina, venho aqui tão cedo porque preciso de seu serviço ainda hoje!
Habilidosa e inteligente, aprendera desde cedo a costurar e a bordar |
Então narrou-lhe o acontecido. Naquela
mesma manhã, antes do raiar do dia, havia recebido a visita de um
venerável ancião, encomendando- lhe algo muito importante, de parte da
senhora mais rica da cidade vizinha. Queria ela uma série de bordados
para decorar sua nova casa, bem como o vestido de aniversário de sua
filha, pois esta completaria quinze anos em pouco tempo. Entretanto,
fazia questão do trabalho ser feito por Catarina, pois havia tido
notícias de ser ela a melhor costureira e bordadeira da região. Como a
dona do ateliê afirmasse já não mais contar com seu trabalho, o ancião
disse que então levaria o material que trazia de volta, pois havia
recebido recomendação expressa a esse respeito.
Dona Marieta, percebendo valer a pena o
negócio para o seu renome e o de seu ateliê, não teve dúvida em afirmar
ao respeitável senhor que a moça retomaria suas atividades ainda naquele
dia. Com isso, ele havia deixado os tecidos e os desenhos, segundo os
quais deveriam ser executados os trabalhos, e se retirou. E ela ali
estava a suplicar-lhe para retomar o emprego.
Não podendo mais conter as lágrimas de
emoção, contou para sua patroa o que fizera na tarde anterior. Como
havia chegado rápido a resposta de São José! Dona Marieta também se
emocionou e quis acompanhar sua funcionária e amiga à igreja, para onde
se dirigiu com a mãe e a avó a fim de agradecer a seu santo protetor tão
grande benefício.
O fato correu pela vizinhança, fazendo
crescer enormemente a devoção de todos, e uma Missa solene foi
encomendada por Catarina, em ação de graças pelo auxílio do ilustre
padroeiro. Por ocasião de sua festa, que não demorou muito a chegar,
ruas e praças se engalanaram para celebrar o grande Patriarca da Igreja,
na certeza de nunca faltar sua ajuda a todos os que a ele recorrem com
amor e confiança, e deram-lhe o título do patrono da cidade.
São José, rogai por nós!
São José, rogai por nós!
Fonte: Revista Arautos do Evangélio, Março de 2012.
Colaboração: Iza Félix
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